Um atlas anatômico é uma produção estética e ética, politicamente determinada. Abaixo as obras do artista Walmor Correa.

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Um atlas anatômico parece algo neutro e útil; ao mesmo tempo ele não é a realidade de um corpo. É produção de uma certa realidade operando com um modelo de corpo. E ela não é sem direção e ou efeitos ético-clínicos, e implica as terapêuticas. Não é um corpo no atlas anatômico, é o corpo estilo greco-romano dos desenhos da biomedicina, obviamente uma representação que também nos auxilia e leva em certa direção. As imagens do artista Walmor Corrêa apresentam minuciosos mapas anatômicos com um grau enorme de detalhamento, utilizando os signos e verdades da anatomia para criar uma imagem verosímil, isto é, plausível, com efeito de verdade, e sempre temos isso, tão-somente o verosímil – que parece verdadeiro, que produz efeito de verdade. Walmor Corrêa produz um mapa anatômico de uma sereia com os órgãos descritos em detalhe, descrições de um bebê no útero, a panturrilha descrita e aberta do Curupira. Com essas interferências podemos pensar: Que é que junta em mim as coisas que leio e vejo? Que forças em mim me fazem ver isso? que forças em mim me fazem expressar assim o que “estou pensando”? Que forças já me dominam? Com que forças me alio?”

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