A ALMA É UM ESTÔMAGO, isto não é uma metáfora. Comidas, digestões alegres, dispepsias políticas-ressentimentos e a saúde de certas anorexias

“O esquecimento não é, portanto, comparável a um processo de digestão, mas, como atividade do corpo, se confunde com a digestão, que deixa, por sua vez, de ser pensável apenas no campo da fisiologia, como função de um corpo, por assim dizer, “desespiritualizado”. O tema da função digestiva do esquecimento se relaciona diretamente à seguinte afirmação do parágrafo 16 do capítulo “Das velhas e novas tábuas” de Assim falou Zaratustra III: “o espírito é um estômago”, em que o “é” foi destacado por Nietzsche. Trata-se, também nesse trecho, de enfatizar que, mesmo em um texto como o Zaratustra, não se trata aqui de uma metáfora, de uma simples analogia. O espírito não é semelhante a um estômago; espírito e estômago se fundem (…)Ler a identificaçãodo espírito a um estômago como uma metáfora equivaleria a  neutralizar a operação nietzschiana de invenção de uma nova abordagem do processo de digestão que põe definitivamente em xeque a separação tradicional entre “corpo” e “espírito”. 

Maria Cristina Franco Ferraz

Deixe um comentário

Acima ↑